Ucrânia estreia míssil fornecido pelos EUA em sua luta contra a Rússia
As missões de precisão disparadas pelo sistema americano Himars já fizeram diferença a favor dos ucranianos
Nesta terça-feira (17), a Ucrânia realizou seu primeiro ataque na guerra contra a invasão russa com uma nova arma enviada pelos Estados Unidos, após mais de um ano de persistentes pedidos de Kiev. Trata-se do míssil balístico MGM-140 ATACMS (acrônimo para Sistema de Míssil Tático do Exército), que tem sido usado pelos americanos desde 1991. É uma arma particularmente poderosa e, de acordo com informações disponíveis, atingiu duas bases aéreas russas nos territórios ocupados por Moscou na Ucrânia.
A notícia foi divulgada pelo deputado ucraniano Oleksii Gontcharneko no X (ex-Twitter) e divulgada por autoridades americanas em veículos de imprensa como o Wall Street Journal e The New York Times. Blogueiros militares russos e um analista entrevistado pela Folha de S.Paulo compartilharam a mesma opinião, acrescentando que nove helicópteros foram perdidos no ataque.
Até o momento, Moscou não emitiu comentários a respeito. A entrega do ATACMS foi um ponto delicado na guerra, devido ao recebimento de uma escalada, que também foi manifestada pelo Kremlin. O governo de Joe Biden estava preocupado com o uso dessas armas, que, em sua versão mais avançada, têm alcance de até 300 km, contra o território russo.
No entanto, ao longo do tempo, as restrições foram sendo suavizadas, num contexto em que o Reino Unido e a França enviaram missões de cruzeiro ar-terra altamente eficazes, com alcance de 500 km. Mesmo assim, os Estados Unidos só permitiram a entrega de um pequeno número de unidades do ATACMS em uma versão com alcance ainda mais curto, estimada em cerca de 200 km. No entanto, trata-se de uma arma altamente precisa e mortal, equipada com ogivas de fragmentação também de fabricação americana.
A entrega dessas missões ocorreu após a visita do presidente Volodimir Zelenski aos Estados Unidos no mês passado, que foi marcada por alguma reserva. Embora não tenham sido feitos anúncios após o encontro com o presidente Joe Biden, a entrega de algumas unidades do ATACMS já havia sido mencionada naquela época.
Atualmente, o impacto dessa nova arma na situação é incerto. As missões de precisão disparadas pelo sistema americano Himars já fizeram diferença a favor dos ucranianos, mas a maré da guerra ainda não está a favor deles. Além das dúvidas sobre o comprometimento contínuo do Ocidente no fornecimento de apoio militar à Ucrânia, a contraofensiva de Zelenski, iniciada em 4 de junho, não obteve sucessos significativos. Com a chegada do inverno europeu, a situação deverá piorar, e é provável que a Ucrânia não tenha muito progresso a mostrar, apesar de receber tanques, veículos blindados e treinamento da OTAN, uma aliança militar liderada pelos EUA.
Além disso, em campo, os russos lançaram uma nova ofensiva na região de Donetsk na semana passada e avançaram no nordeste do país, ameaçando capturar forças ucranianas. Apesar do alarme em Kiev, o Instituto para o Estudo da Guerra (EUA) recomendou uma redução no ritmo dos ataques aéreos nesta semana, o que pode sugerir uma perda de impulso nas ações.
COMENTÁRIOS