BOLSONARO APELA PARA TRUMP, MUSK E ZUCKERBERG EM ENTREVISTA AO THE NEW YORK TIMES
Com passaporte retido, Bolsonaro critica Justiça, elogia Trump e CEOs de redes sociais em entrevista
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) revelou que o convite
para a posse de Donald Trump o deixou tão empolgado que brincou não precisar
mais "tomar Viagra". Em entrevista ao The New York Times, Bolsonaro
demonstrou entusiasmo pelo evento, programado para sábado, dia 20, e afirmou
que "pede a Deus" pela oportunidade de "apertar a mão" de
Trump nos Estados Unidos.
No entanto, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo
Tribunal Federal (STF), negou na quinta-feira, dia 16, a devolução do
passaporte de Bolsonaro, retido como medida cautelar em investigações sobre uma
tentativa de golpe após as eleições de 2022. Desde fevereiro de 2024, Bolsonaro
está proibido de sair do Brasil devido à apreensão do documento. Ele nega
envolvimento direto na suposta trama golpista e considera as acusações uma
perseguição, afirmando estar "sendo vigiado o tempo todo". Sobre sua
inelegibilidade até 2030, decretada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE),
Bolsonaro classificou a decisão como um "estupro da democracia".
Durante a entrevista, Bolsonaro também elogiou os CEOs da
Meta, Mark Zuckerberg, e o dono do X, Elon Musk, por suas supostas ações contra
a censura nas redes sociais. Ele declarou estar satisfeito com a decisão de
Zuckerberg de encerrar a moderação de conteúdo nas plataformas da Meta, como
Instagram e Facebook, dizendo: "Bem-vindo ao mundo das pessoas boas, da
liberdade".
Os advogados de Bolsonaro apresentaram provas do convite
para a posse de Trump, mas a Procuradoria-Geral da República (PGR) argumentou
que a viagem não é essencial e se trata de um "interesse privado". O
procurador-geral Paulo Gonet reforçou que o passaporte do ex-presidente foi
retido por "motivos de ordem pública", para evitar riscos à
investigação e garantir que ele permaneça no país.
Bolsonaro já teve quatro pedidos de devolução do passaporte
negados pelo STF. O documento foi inicialmente apreendido em fevereiro de 2024,
durante a Operação Tempus Veritatis. Em ocasiões anteriores, ele alegou ter
sido convidado por líderes internacionais, como o primeiro-ministro israelense
Binyamin Netanyahu, mas as solicitações foram rejeitadas.
As investigações da Polícia Federal apontam que Bolsonaro
teria planejado e liderado ações para reverter o resultado das urnas em 2022.
Além dele, 39 pessoas, incluindo ex-ministros e militares, foram indiciados. A
retenção do passaporte busca prevenir uma possível tentativa de fuga enquanto o
processo está em andamento. Alexandre de Moraes destacou o risco de evasão,
reforçando a importância da medida cautelar. Bolsonaro, por sua vez, afirma
sentir-se "perseguido" pela Justiça e não descarta buscar refúgio em
uma embaixada.
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