A Defesa Civil de Gaza informou nesta quinta-feira (16) que
o território palestino sofreu uma série de bombardeios por parte de Israel,
mesmo após o anúncio de um acordo de trégua na guerra. Segundo o porta-voz
Mahmud Basal, as operações aéreas resultaram em 81 mortes, incluindo 20
crianças e 25 mulheres, além de 230 feridos nas últimas 24 horas.

Os ataques atingiram regiões como Gaza e Khan Yunis, no sul
do território. O número de mortos nesta quinta mais do que quadruplicou em
relação ao dia anterior, quando 20 palestinos haviam sido mortos, elevando o
total de vítimas do conflito, iniciado em outubro de 2023, para 46.788. Já o
número de feridos desde o início dos combates ultrapassa 110 mil.

Netanyahu acusa Hamas e questiona acordo

Apesar do cessar-fogo negociado no Qatar estar previsto para entrar em vigor no
domingo (19), o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, acusou o
Hamas de tentar “extorquir concessões de última hora”. Ele fez essa declaração
em comunicado oficial nesta quinta-feira, mas não apresentou detalhes sobre as
razões dos ataques recentes.

O Hamas, por sua vez, reafirmou seu compromisso com o pacto.
Em mensagem no Telegram, o porta-voz Izzat el-Reshiq declarou que o grupo
extremista está alinhado com os requisitos estabelecidos pelos mediadores da
negociação.

Acordo de cessar-fogo e troca de reféns

O acordo entre Israel e Hamas foi negociado no Qatar e prevê uma troca gradual
de prisioneiros e reféns, além da retirada progressiva das tropas israelenses
da Faixa de Gaza. Segundo Sheikh Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, primeiro-ministro
do Qatar, a primeira fase terá duração de 42 dias, com detalhes das etapas
seguintes a serem definidos durante sua implementação.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, confirmou que
cidadãos americanos estão incluídos na primeira fase de reféns a serem
libertados. Ele afirmou que o objetivo é encontrar uma solução definitiva para
o conflito dentro de seis semanas, mas que o cessar-fogo será mantido, mesmo
que um acordo final não seja alcançado nesse período.

Impactos humanitários e esforços internacionais

A guerra gerou uma grave crise humanitária na Faixa de Gaza, com milhares de
civis enfrentando fome, frio e falta de acesso a serviços básicos. A ONU
ordenou a entrada imediata de ajuda humanitária no território.

Enquanto isso, a União Europeia saudou o acordo de
cessar-fogo. Dubravka Suica, comissária para o Mediterrâneo, declarou que o
pacto pode trazer o alívio necessário para as vítimas do conflito e destacou o
compromisso europeu com a busca por uma paz duradoura.

Reféns e garantias de retirada

Israel divulgou imagens dos reféns ainda em poder do Hamas, incluindo crianças,
idosos e mulheres. Apesar de acreditar que todos estejam vivos, o governo
israelense não recebeu confirmação do Hamas sobre o estado de saúde deles.

Para concretizar o acordo, Tel Aviv enviou ao Hamas mapas
detalhando as áreas de retirada planejadas das tropas israelenses, incluindo a
fronteira entre Gaza e o Egito, o que foi uma exigência do grupo palestino.

Enquanto isso, o número de mortos e feridos continua a crescer,
destacando a fragilidade do cessar-fogo e a urgência de uma solução pacífica
para o conflito.