GOVERNO CRIA FORÇA-TAREFA PARA EVITAR PROBLEMAS NA LOGÍSTICA DA SAFRA E CONTER ALTA DOS ALIMENTOS
O objetivo é evitar impactos negativos na logística de transporte, que poderiam pressionar ainda mais os preços dos alimentos
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está
mobilizando uma força-tarefa para prevenir obstáculos nas rodovias, ferrovias e
portos que possam comprometer o escoamento da safra agrícola neste início de
ano. O objetivo é evitar impactos negativos na logística de transporte, que
poderiam pressionar ainda mais os preços dos alimentos.
De acordo com George Santoro, secretário-executivo do
Ministério dos Transportes, a estratégia está sendo desenvolvida em conjunto
com os Ministérios da Agricultura e de Portos e Aeroportos, além de órgãos como
o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), a Polícia
Rodoviária Federal (PRF), a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e
a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq).
Uma reunião foi agendada para esta semana para que cada
instituição envolvida apresente pontos críticos e sugestões de ação. Santoro
destacou que o tempo e o custo operacional entre o produtor e o mercado
influenciam diretamente os preços dos produtos. Ele citou o exemplo de rodovias
em más condições, que aumentam os gastos com transporte e, consequentemente,
elevam o valor dos alimentos para o consumidor.
Monitoramento e ações imediatas
A colheita da safra já começou e deve se estender até abril
devido ao período de chuvas. A ANTT está coordenando o contato com as
concessionárias de rodovias e ferrovias, enquanto o Dnit monitora as estradas
sob gestão pública. Essa abordagem integrada já foi aplicada no ano passado,
combinando medidas emergenciais, como gestão de filas e reparos imediatos em
rodovias, com investimentos estruturantes de longo prazo.
Para evitar atrasos no transporte de mercadorias, o governo
agora conta com contratos de manutenção que permitem resposta rápida a
incidentes como deslizamentos e bloqueios de estradas. Antes, muitas rodovias
federais não possuíam contratos desse tipo, o que dificultava a resolução
imediata de problemas. Atualmente, mais de 95% da malha rodoviária federal
conta com contratos ativos de manutenção.
No setor portuário, a força-tarefa está implementando um
sistema de agendamento para otimizar o fluxo de chegada de caminhões aos
terminais. Esse controle começa ainda nas rodovias, visando evitar
congestionamentos e melhorar a eficiência do desembarque das cargas.
Paralelamente, o governo está mapeando gargalos logísticos que possam
comprometer o transporte no médio e longo prazo, permitindo investimentos
direcionados à modernização da infraestrutura portuária.
Pressão por redução dos preços dos alimentos
A alta nos preços dos alimentos se tornou uma das principais
preocupações do governo neste início de ano. Durante uma reunião ministerial,
Lula cobrou medidas eficazes para conter os custos da cesta básica e melhorar o
acesso da população a itens essenciais. Entre as propostas discutidas estão a
redução de impostos de importação e a regulamentação da portabilidade do
Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), que envolve vale-refeição e
vale-alimentação.
Apesar dessas iniciativas, há incertezas sobre sua
efetividade e eventuais impactos fiscais. Especialistas e agentes do mercado
também monitoram a possibilidade de taxação das exportações para tentar reduzir
os preços internos. Segundo a coluna Painel, da Folha de S.Paulo, o governo
identificou cinco produtos que mais pressionam a inflação alimentar: carne,
café, açúcar, óleo de soja e laranja.
A força-tarefa do governo busca, portanto, equilibrar medidas
emergenciais e soluções estruturais para garantir o escoamento eficiente da
safra, minimizar gargalos logísticos e conter a alta nos preços dos alimentos
sem comprometer a economia.
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